
Remete-me para a eterna questão da razão da nossa existência. Afinal o que andamos nós aqui a fazer? Qualquer pessoa responderá com a mesma resposta: “para tentar ser feliz”. Mas esta resposta por si só já desvenda a grande limitação do ser humano: tentar. O “tentar”, na minha opinião, coloca à partida entraves à felicidade porque antevê que qualquer coisa negativa que possa surgir, pode deitar a perder o prazer de apreciar a felicidade que está bem à nossa frente.
A felicidade está camuflada em inúmeras situações e decisões ao longo da nossa existência e é tão subjectiva que é impossível defini-la. No entanto, e isso parece-me óbvio, a predisposição de cada um para saber identificá-la é bastante diferente. A vitimização, o conformismo, a pouca força de vontade, a desistência, o pessimismo são tudo estados em que muitas pessoas se encontram, que as impedem de realmente vivenciar os momentos de felicidade, que vão tendo no dia-a-dia. Adoptam uma postura de falta de sorte, para não serem criticadas pelos outros, pela sua desistência na luta por algo melhor. Mas serão estes estados uma forma de felicidade para quem os tem? Pessoalmente acho que não. O pessimismo das pessoas choca-me. Abomino conformismo, derrotismo, vitimização. Acho que se estamos vivos temos o dom de mudar, de aprender, de encontrar a felicidade. A nossa vontade consegue maravilhas, a vida é um livro aberto e nele não se “tenta” escrever ou encontrar a felicidade, nele escreve-se mesmo a felicidade em todos os momentos, em todos os segundos.
Não somos realmente nada sem felicidade, sem um sorriso logo pela manhã, sem o prazer de fazer a coisa mais simples deste mundo, sem nos importarmos de ter um sapato de cada cor. O facto de estarmos vivos é por si só a primeira e a grande razão da felicidade, o facto de termos a possibilidade de escolha, a possibilidade de lutar, a possibilidade de comunicar, de decidir… Pormenores que são a base de tudo.
Acho que a única regra válida é aquela que diz que ser feliz não é uma sorte, é um dever.... e a vida não é para ser preenchida pelas coisas negativas e más, porque a lei de Murphy não passa de publicidade enganosa. As adversidades são a estação de serviço da felicidade.
E felicidade é viver a vida intensamente, espremer a vida até não poder mais e riscar, riscar, riscar a folha em branco que é o nosso dia-a-dia e sentir que a vida não passa despercebida. Quem vive sem felicidade, sinceramente não vive nada.